Com foco no equilíbrio fiscal e fortalecimento social, medidas alinham despesas e receitas, ampliam justiça tributária e promovem transparência nos programas públicos para economizar R$ 70 bilhões em dois anos
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Empreender é preciso
Se o Brasil almeja chegar à posição de quinta economia global, precisamos apoiar os pequenos e médios empresários
DCI
Em recente entrevista ao Financial Times, o presidente Lula afirmou que o Brasil tem possibilidades de se tornar a quinta economia mundial nos próximos dez anos. Essa afirmação não foi feita certamente apenas em razão do clima de otimismo, pelo fato de a cidade do Rio de Janeiro ter sido escolhida para sediar as Olimpíadas de 2016.
O Brasil conquistou - e tem demonstrado ao mundo - sua estabilidade política e econômica, que favorece a macroeconomia e o crescimento de mercado. Seus controles monetários contiveram a inflação, aumentando o fluxo de entrada de capital.
Esse cenário beneficia também um importante segmento econômico do País, as pequenas e médias empresas, que representam 98% das 5,5 milhões empresas no Brasil. Só nos últimos cinco anos, as PMEs registraram uma taxa de crescimento de mais de 10%.
É desapontador, no entanto, constatar que, apesar desses números expressivos, a taxa de mortalidade dessas empresas também é expressiva. O brasileiro é um empreendedor por necessidade, como revelou uma recente pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV).
É nítido, porém, que falta algo ao pequeno empresário, pois cerca de 30% dessas empresas ainda não conseguem sobreviver ao primeiro ano de atividade. Alguns gaps são bem conhecidos, como falta de crédito, planejamento e subsídios.
Segundo pesquisas do Sebrae, aos PMEs falta um pouco de tudo. São apontadas como as principais razões que contribuem para a mortalidade dessas empresas falta de habilidade para empreender, falta de planejamento prévio, deficiência na gestão do negócio, deficiência nas políticas de apoio e conjuntura econômica.
A questão do crédito recebeu uma boa notícia recentemente. Na segunda quinzena de novembro de 2009, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgou a liberação de uma linha de crédito de US$ 3 bilhões às micro, pequenas e médias empresas brasileiras. O empréstimo de US$ 1 bilhão já foi aprovado e o BNDES utilizará esse recurso, além de outros próprios, para o fomento do segmento.
Com o crédito chegando, o empreendedor terá ainda que enfrentar o desafio da informação. Como desfrutar do momento positivo e alcançar mercados globais nunca antes almejados? À primeira vista, pensar em exportar parece complicado e, realmente, as interrogações são inúmeras. As dúvidas vão desde como exportar, legislação alfandegária, prazo de entrega da encomenda, como receber pela venda, quais garantias o empreendedor tem ou deve oferecer até os custos logísticos e se estendem ainda por uma infinidade de detalhes que assustam alguém que visualize no mercado internacional uma oportunidade para seu negócio.
Penso ser o acesso a todas essas informações, ao lado do crédito, o ângulo mais desafiador ao empreendedor brasileiro que busca crescer, expandir seus negócios.
Um bom desempenho só será possível se ele realmente empreender um plano de exportação, estudando o mercado alvo, a viabilidade de taxas de câmbio flutuantes e quais parceiros logísticos lhe permitirão reduzir custos, com garantias de rapidez, confiabilidade e cumprimento de prazo, prerrogativas do mercado internacional.
Ao se deparar com tantas e complexas questões esse empresário pode postergar o caminho da exportação ou até mesmo desistir. E prover esse acesso é também papel de todos, integrando iniciativa pública e privada como forma de garantir o sucesso das PMEs. Em nossa empresa, acesso é uma questão-chave, promovida e incentivada globalmente. Cada vez que um produto brasileiro ganha a concorrência e se posiciona lá fora, às vezes do outro lado do mundo, com carteiras e bolsas de couro de qualidade, vinhos ou até quimonos, o Brasil ganha não só financeiramente, mas como nação, engrandecendo o espírito empreendedor de seu povo.
Se o Brasil almeja chegar à posição de quinta economia mundial, precisamos pensar no todo e apoiar os pequenos e médios empresários para darem esse passo. Realizar isso é contribuir para o crescimento sustentável do País. Sustentabilidade é perpetuar o desenvolvimento, garantindo oportunidades, renda, lucro e prosperidade de sua população. O momento é esse. Empreender é preciso.
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