Segundo a RFB, mudanças atendem demandas da classe contábil
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Brasil: estamos blindados contra uma nova crise gerada na Europa?
Mas de onde teria surgido esta força da economia brasileira?
Existe uma pedra no meio do caminho da recuperação da economia global. Assustados com as proporções que a crise imobiliária dos EUA assumiu, o mercado internacional assiste com cautela o desenrolar da questão fiscal Grega, tateando o caminho à frente para evitar cair em um novo buraco.
No sentido contrário, as economias emergentes, contando com nomes como Brasil, China e Índia, cavalgam, cada vez mais rápido, rumo ao patamar dos países ricos. Estariam estas duas trajetórias em rota de colisão?
Em entrevista para a InfoMoney TV durante o Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pagamento, o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, afirma que no curto prazo é muito pouco provável que o problema do país helênico atrapalhe o desenvolvimento do Brasil, "a não ser que a Europa deixe a Grécia quebrar". "Mas eu acho que existe muita coisa em jogo", avalia o economista.
A hora e a vez dos emergentes
Mas de onde teria surgido esta força da economia brasileira? Porque só agora o País se descobriu forte e capaz e de enfrentar os choques externos que trouxeram tantos problemas no passado? Ricardo Amorim, entrevistado pela InfoMoney TV no mesmo evento em que Maílson da Nóbrega palestrou, ajuda a responder esta pergunta.
"Quando a produção mundial começou a migrar maciçamente para os mercados emergentes, o que chamo de aceleração da globalização, houve uma queda do custo de produção no mundo", explica o presidente da Ricam Consultoria, aludindo a grande oferta de mão de obra em países como a China e a Índia.
Deste movimento de migração dos centros de trabalho decorreu uma queda nos preços dos produtos, o que por sua vez colocou pressão sobre a inflação mundial, que começou um movimento descendente durante a última década, conforme expôs Amorim. "Inflação mais baixa significa juros mais baixos", aponta o economista, revelando um dos fatores que levou aos menores patamares de juros nas diversas economias do planeta. "Isto é consequência da crise financeira, mas também de um processo estrutural muito mais longo".
Isto joga contra os países ricos, que têm muito capital e passam a exportá-lo mais barato, e a favor dos emergentes, que atraem mais capital para investir ou financiar crédito de consumo. Logo, acontece uma inversão nos fluxos comerciais internacionais - os materiais básicos exportados pelos países emergentes, como o Brasil, subiram de preço, enquanto que os produtos sofisticados sofreram uma "queda relativa de preços nos últimos anos".
"No passado, eles (os países ricos) pegavam resfriado, e a gente (os emergentes) pneumonia. Agora, a gente pega resfriado e eles estão com gripe suína".
Desafios do Brasil
Mas se a possibilidade de uma nova onda retracionista não impõe riscos para o País, estaríamos com o futuro garantido? Na opinião do professor da PUC-Rio, Rogério Werneck, o Brasil pode impor, inadvertidamente, desafios ao seu próprio desenvolvimento.
Entrevistado pela Equipe InfoMoney durante o “12º Seminário Perspectivas da Economia Brasileira”, realizado pela Tendências Consultoria, o economista alerta que para retrocesso do país no âmbito fiscal durante a crise, vendo um “extensivo e generalizado afrouxamento de restrições orçamentárias, com vertiginosa expansão do crédito estatal subsidiada por emissões do Tesouro, que uma hora ou outra, terão seu impacto na economia do País”.
Na opinião de Werneck, esse afrouxamento na austeridade fiscal do governo conta com uma complacência dos mercados, razão pela qual vem passando relativamente desapercebida por muitos. “O mercado olha e fala: 'Ah! A Grécia está muito pior', então tudo bem”, polemiza Werneck, que conclui: “O desafio ao próximo governo é restaurar a gestão responsável na política fiscal”.
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