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Expansão econômica acelera concentração no setor de serviços
Demanda é que limpeza, portaria e manutenção sejam fornecidos por uma só companhia
Concentrar serviços de apoio como limpeza, recepção, jardinagem e manutenção em um único fornecedor é tendência que se acentua entre empresas de grande e médio porte. Acompanhando essa demanda, companhias como ISS e Personal Services, que se posicionaram como prestadoras de "multisserviços" há pouco mais de dois anos, conseguiram dobrar o faturamento e agora, a partir da retomada da economia brasileira, se preparam para um novo salto de crescimento.
"Para crescer o que esperam, as empresas têm de investir cada vez mais em seu "core business"", diz Jorge Lima, presidente da multinacional dinamarquesa ISS no Brasil. Com isso, abre-se mais espaço para a terceirização do que não é atividade fim. Ao mesmo tempo, busca-se um serviço cada vez mais profissionalizado, capaz de gerenciar e entregar soluções prontas - um ambiente limpo, climatizado e iluminado, por exemplo - em vez de simplesmente um fornecedor de mão de obra.
"Estamos vivendo um boom", afirma Francisco Abrantes, presidente da Associação Brasileira de Facilities (como é chamado o conjunto de serviços de suporte corporativo). A taxa do crescimento do setor, que tradicionalmente tem sido superior à do PIB (Produto Interno Bruto), deve chegar a 10% este ano. No ano passado, o faturamento total foi de R$ 14 bilhões, incluindo serviços de limpeza, portaria, recepção, manutenção, segurança e operação de estacionamentos. Apenas na área de limpeza há 11 mil empresas operando no país.
O mercado pulverizado pode abrir espaço para aquisições, à medida que a tendência de oferta de multisserviços se fortalece. As compras são parte importante da estratégia da ISS para atingir receita bruta de R$ 1 bilhão em 2012. Trata-se do próximo passo de uma reestruturação iniciada em agosto de 2008, que mudou boa parte do seu comando e integrou três empresas adquiridas anteriormente que atuavam como negócios independentes: BJP, Semco Manutenção Volante (ambas de manutenção) e a Loghis, de logística. "Só éramos vistos como uma empresa de limpeza. Fizemos um trabalho interno e externo, com planejamento estratégico, e passamos a nos apresentar como uma só marca de multisserviços", afirma Jorge Lima, que conduziu o reposicionamento.
Agora, a próxima fase de aquisições deve incluir empresas de segurança, além de rivais das áreas em que a multinacional já atua, para ampliar seu alcance geográfico. O executivo não fala em valores disponíveis para as compras, mas diz que a companhia, que tem entre seus acionistas fundos de private equity do Goldman Sachs e da EQT Partners, está disposta a investir. "A empresa definiu que os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) serão seu foco de crescimento nos próximos 10 anos", diz Lima.
A nacional Personal Service, que vinha estudando sair às compras, acredita que a hora é de aproveitar o aquecimento do mercado para crescer organicamente, mesmo que isso signifique adiar de 2012 para 2014 a meta de atingir seu primeiro R$ 1 bilhão em receita. "Vimos que a operação vem crescendo com força, colocando a equipe comercial na rua ou agregando serviços aos clientes já existentes. Não precisamos desembolsar [com aquisições]", afirma Luiz Claudio Garcia, superintendente da companhia.
A empresa, fundada há 16 anos pelo empresário Arthur Costa, começou como uma terceirizadora de mão de obra para diversos setores. A partir de 2007, deu um salto ao começar a oferecer pacotes de multisserviços. O faturamento, que estava em R$ 240 milhões, deve chegar a R$ 500 milhões até dezembro. "Hoje o tomador de serviços quer simplificação, um só fornecedor que cuide de toda a sua infraestrutura", acrescenta Garcia. Entre os clientes da empresa, estão a Petrobras e a fornecedora de energia Ampla, o Metrô do Rio de Janeiro e 13 shopping centers.
Ao mesmo tempo que é uma boa notícia, a expansão acelerado do mercado brasileiro traz um problema: a falta de mão de obra. "Estamos perdendo funcionários para outros segmentos, principalmente para a construção civil", diz Abrantes, da Abrafac. "Isso está levando a um movimento de melhoria nos salários e benefícios para reter pessoal."
Outro desafio é o aumento da concorrência, com a entrada de grandes competidores de outros setores nesse mercado. Em maio, a GRSA, líder em refeições coletivas no Brasil, comprou a Clean Mall (limpeza geral e hospitalar) e a FB Facility (serviços de suporte), para avançar também nessas áreas. As aquisições fazem parte da estratégia da companhia, que pertence ao grupo inglês Compass, para triplicar de tamanho em cinco anos no Brasil, atingindo receita de até R$ 5 bilhões. Outras das maiores companhias de refeição, como a francesa Sodexo e a brasileira Puras já atuam no segmento de "facilities".
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