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O jeito é derrubar o crescimento

Para analistas, não há outro modo de segurar a pressão inflacionária

Fonte: Jornal O GloboTags: economia

A estratégia do governo de combater a inflação sem derrubar a economia cria incertezas, de acordo com especialistas. A economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro diz que a presidente usou grandes temas para agradar ao mercado, como "lutar com a inflação", "centro da meta" ou "autonomia do Banco Central (BC)": 

- Por isso as contas não fecham. O governo quer combater a inflação sem derrubar a economia. Isso cria incerteza, limita investimentos. E dá para ver que o BC não é independente, ela vai interferir. (A entrevista) casa bem com a última ata do Copom, que se alinhou com a ideia do governo. O único jeito de controlar a inflação é derrubando o crescimento e aumentando os juros. Não tem milagre. 


Segundo Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o Banco Central não quer provocar uma recessão para ter como ganhos apenas um ponto percentual de inflação. 

- Se tivesse feito um conjunto de medidas macroprudenciais e fiscais, e promovido alta de juros, o crescimento econômico poderia ficar abaixo dos 2%, e a inflação cairia um ponto. Em poucas palavras, ou o país cresce 3,5% e tem inflação de 6%, ou cresce 1,5% com inflação de 5%. Acho que seria melhor o primeiro caso. 

Apesar de concordar que é necessária a desaceleração da atividade para que os preços caiam, o economista da LCA Consultores Fábio Romão diz que é possível chegar a um crescimento sustentável e trazer a inflação para a meta. Por isso, a projeção da consultoria é de PIB de 3,6% para 2011, com inflação de 5,5%. Em 2012, o PIB ficaria em 4,2%, e a inflação, em 4,5%. 

- Crescendo 3,6% agora, é possível garantir para 2012 a inflação perto do centro da meta. 

O novo presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, elogiou ontem as medidas macroprudenciais do governo, reforçando as novas alta nos juros, mas disse que é cedo para saber se as iniciativas serão suficientes. Segundo ele, cabe ao BC avaliar os efeitos das medidas.

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