O Senado Federal está avançando com a Reforma Tributária. A tão aguardada, e preocupante reforma trará alguns impactos para empresas vinculadas ao modelo tributário do Simples Nacional
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Taxa de juros em alta beneficia renda fixa
A grande maioria dos economistas aposta numa elevação da Selic em 0,25 ponto percentual.
Só dá renda fixa. Ao fim do primeiro semestre do ano, as aplicações atreladas à variação da taxa de juros são as únicas a se manter no azul. E melhor: o arrefecimento da inflação, embora muitos considerem um efeito sazonal, faz com que, em média, as rentabilidades dos fundos DI e de renda fixa consigam, por enquanto, superar a alta de preços.
O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central (BC), divulgado nesta semana, trouxe novas projeções para o IPCA. As estimativas para o referencial de inflação do BC neste ano subiram de 5,6% em março para 5,8%. Para os economistas, significa que o BC talvez tenha de ir além na alta dos juros. A maioria dos analistas acreditava que a elevação da Selic se daria até julho, e agora muita gente passou a apostar que a autoridade pode ir até agosto. Isso significa que a expectativa de alta de juros pode beneficiar ainda mais as aplicações de renda fixa.
No semestre, o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras) registra variação de 5,52% e, em junho, de 0,95%. Descontada a inflação do IGP-M, o ganho real é de 2,30% no ano. Os fundos de renda fixa - que podem aplicar em papéis prefixados - devem render 0,88% no mês, encerrando os seis primeiros meses do ano com ganho de 5,91%. A projeção é da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O ganho real dessas carteiras no ano é de 2,68%. Já os fundos DI - que investem em papéis com juros pós-fixados - devem ter retorno de 0,98% em junho e de 5,62% no semestre (rendimento real de 2,40%).Líquido de impostos, o ganho desses fundos ficaria em 4,78% e 5,02% no ano, respectivamente, considerando alíquota de 15%.
Para os investidores de curto prazo, as aplicações que buscam seguir a taxa de juros se mostram interessantes, avalia Francisco Costa, sócio da Capital Investimentos. Isso significa que os fundos DI - ou mesmo as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), que seguem os juros e recheiam a carteira desses fundos - são atraentes.
Já para quem horizonte de pelo menos três anos, a indicação são os títulos indexados à inflação - como as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B). No site do Tesouro Direto, a NTN-B Principal - título com rentabilidade vinculada à variação do IPCA mais juros -, com vencimento em maio de 2015, era vendida ontem com retorno de 6,72% além do IPCA.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nos dias 19 e 20 deste mês para definir os rumos da taxa de juros brasileira, hoje em 12,25% ao ano. A grande maioria dos economistas aposta numa elevação da Selic em 0,25 ponto percentual.
A aplicação em renda fixa hoje é supercômoda para o investidor e ficará até mais se a alta de juros estimada realmente ocorrer, avalia Mauricio Pedrosa, sócio-diretor da Queluz Asset Management. "Enquanto não acontecer nada que dê um direcional para a bolsa, o CDI é confortável e tornou-se até um competidor bem desagradável para os multimercados", diz.
Na renda variável, pode-se dizer que o primeiro semestre de 2011 trouxe poucas alegrias para o investidor brasileiro. Mesmo com o crescimento econômico se mantendo vigoroso e com os lucros das empresas em alta, o aplicador de bolsa não foi beneficiado por correr mais riscos. No semestre, o Índice Bovespa encerrou em queda de 9,96%, influenciado, principalmente, pelo mau desempenho no último trimestre. Em junho, o principal indicador da bolsa brasileira registrou desvalorização de 3,43%.
De forma geral, o questionamento sobre a solvência dos países europeus, especialmente a Grécia, com a possibilidade de calote da dívida pública do país, permearam as decisões de investimento no semestre, sobretudo com relação à bolsa. Em junho, esses temores ficaram ainda mais exacerbados. A aprovação, na terça-feira, pelo Parlamento grego, de um novo plano de austeridade reduz os riscos de calote da dívida no curto prazo.
Já o desempenho da economia americana - que em alguns momentos no semestre animou o mercado com indicadores que mostravam uma recuperação mais rápida do que o projetado -, voltou a preocupar, após a divulgação de números conflitantes sobre os postos de trabalho e dados do mercado imobiliário.
Para ajudar, no início de junho, a agência de classificação de risco Moody"s alertou que poderia colocar o rating dos Estados Unidos em revisão por conta do alto endividamento do país. Neste mês, os investidores ficarão de olho na votação sobre o novo limite legal da dívida americana, que atingiu US$ 14,3 trilhões em maio. Como a arrecadação do país aumentou mais que o previsto, o governo teve uma folga. Agora, no entanto, o Congresso terá de votar um novo teto.
As preocupações com o alto endividamento da Grécia ganharam um solução no curto prazo e, se esse teto para a dívida americana passar, a bolsa brasileira pode ser beneficiada diante de um ambiente de liquidez farta e taxa de juros lá fora ainda baixas, avalia Roseli Machado, diretora-geral da Fator Administração de Recursos (FAR). "A liquidez mundial continua alta e, nesse cenário, o Brasil deve receber recursos, primeiramente na renda fixa, mas deve sobrar algum dinheiro para a bolsa também", diz. E os atuais níveis do Ibovespa já trazem oportunidades de compra para os investidores, sobretudo nos setores de varejo, saúde e educação, afirma.
A bolsa brasileira já começa a ficar bastante barata, diz Jayme Paulo Carvalho Júnior, estrategista e economista do private banking do Santander. Segundo ele, a relação Preço/Lucro (P/L, que dá ideia do prazo para o investidor obter retorno com a aplicação) do Brasil está em torno de 10 vezes, enquanto o do México está em 15 vezes. "Apesar das medidas do governo para conter o consumo, o PIB ainda deve crescer 4%, que é um percentual robusto", afirma. "E a expectativa de lucro das empresas também é positiva."
O dólar encerrou o semestre com desvalorização de 6,24% ante o real e, em junho, a queda foi de 1,14%. Já o euro acumula alta de 1,74% ante o real nos seis primeiros meses do ano, mas fechou junho com queda de 0,29%. Mas nem a queda da moeda americana foi suficiente para tirar o brilho do ouro em junho. A valorização do metal no mercado internacional fez com que o metal terminasse junho em alta de 2,16%, embora no semestre perca 1,83%. Já a boa e velha caderneta de poupança rendeu 0,61% no mês e, no ano, ganha 3,61%.
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