Relatório da Secretaria de Política Econômica traz dados sobre o desempenho fiscal de 2023 e uma prévia do resultado de 2024, com dados até setembro
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BC sinaliza juros a 11,50%
No início da semana, o que predominava nas mesas de operações dos bancos era a crença em uma queda mais brusca da Selic, de um ponto percentual.
Quem espera que o Banco Central vá intensificar o ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic) pode se dar mal. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, aproveitou ontem a cerimônia de lançamento do sistema normativo da instituição para mandar mais um recado ao mercado. Ele deixou claro que os próximos ajustes serão "moderados", indicando que o corte de 0,50 ponto percentual, decidido na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, irá se repetir pelo menos até o início do próximo ano, o que será suficiente, segundo ele, para levar a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
Por duas vezes, Tombini repetiu o que consta da ata da reunião do Copom e do Relatório de Inflação divulgado na semana passada. "Ajustes moderados da taxa de juros são consistentes com a convergência da inflação ao centro da meta em 2012", disse. Depois do discurso de Tombini, os analistas tiraram as calculadoras da gaveta e passaram a refazer suas apostas.
No início da semana, o que predominava nas mesas de operações dos bancos era a crença em uma queda mais brusca da Selic, de um ponto percentual. Ontem, como mostravam os contratos de juros futuros, o número de apostas em cortes mais intensos caiu pela metade. Faltando menos de duas semanas para a próxima reunião do Copom, que acontecerá em 18 e 19 de outubro, a tendência é de que a maioria das fichas sejam colocadas em mais uma queda de 0,50 ponto percentual, o que levaria a Selic para 11,50% ao ano.
Ajustes moderados da taxa de juros são consistentes com a convergência da inflação ao centro da meta em 2012" Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Ao comentar os efeitos do cenário internacional adverso sobre a economia brasileira, Tombini voltou a dizer que o BC "não tem bola de cristal" para prever os próximos desdobramentos. "O que temos é capacidade de avaliar o risco", observou. Ele disse que a situação externa mostra grande complexidade e afirmou que todos os sinais são de que os principais países da Europa e os Estados Unidos devem atravessar um longo período de baixo crescimento. Diante desse quadro, disse acreditar que as "políticas macroeconômicas serão acomodatícias e por um período prolongado de tempo", o que justifica, na sua visão, o processo de afrouxamento monetário iniciado no Brasil.
Preocupação
O presidente do BC também salientou que a volatilidade externa vai continuar a interferir na cotação do dólar, o que não afeta apenas o Brasil. "Vários países tiveram suas moedas depreciadas e com o real não foi diferente", constatou. Só em setembro, o dólar teve valorização de 18%, transformando-se em motivo de grande preocupação para a autoridade monetária devido ao forte impacto dessa alta nos índices de custo de vida.
Tombini reafirmou ainda que o BC continuará tomando medidas para que o mercado de câmbio funcione de maneira adequada. "Sempre alertamos que mudanças repentinas podem acontecer, seja pela normalização da situação lá fora, seja pelo seu agravamento", pontuou. Entre as medidas adotadas, ele citou a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras ( IOF) sobre capitais externos e operações com derivativos, o que resultou na moderação do forte fluxo de recursos que ingressavam no país pelo segmento financeiro.
"O fluxo pesado de recursos é reflexo não só da situação internacional, mas também das nossas virtudes", gabou-se. Tombini garantiu que o BC não abandonou a estratégia de acumular reservas internacionais. "O Banco Central não abdicou da política de acumulação de reservas. É uma força que permite ao país transitar bem na crise internacional", sinalizou.
Desde setembro, o BC não compra dólares no mercado à vista e em várias oportunidades atuou no sentido contrário, vendendo moeda no mercado futuro na tentativa de reduzir o valor da cotação da divisa norte-americana. A mudança de estratégia deixa evidente a preocupação da autoridade monetária com o impacto inflacionário da subida do dólar que, caso conitinuasse próximo de R$ 1,90, levaria rapidamente a carestia para o limite de tolerância de 6,5%.
O banco voltará a comprar moeda estrangeira quando as circunstâncias estiverem mais favoráveis, alertou Tombini. "Se as condições de mercado permitirem, a acumulação desse importante colchão de liquidez continuará", afirmou. As reservas internacionais e o câmbio flutuante não são, segundo ele, a única defesa do país em momentos de crise. O país conta também com depósitos compulsórios (reservas dos bancos na autoridade monetária) de mais de R$ 420 bilhões e fluxos de capitais externos nos quais predominam os investimentos diretos. "O país está preparado para enfrentar esse novo desafio da crise", assegurou o presidente do BC.
IGP-DI sobe para 0,75%
A alta do dólar já bateu na inflação, tanto que levou à arrancada do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que saltou para 0,75% em setembro. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o câmbio poderá dar o impulso que faltava para o não cumprimento da meta inflacionária deste ano, de 6,5%. Usado como referência para a correção de várias tarifas públicas, o IGP-DI foi puxado, principalmente, pelos preços ao consumidor (IPC), cujos núcleos, que descontam fatores atípicos, acumularam alta de 5,38% em 12 meses, a maior desde agosto de 2005. "O efeito cambial na inflação foi mais concentrado no setor industrial do que na agropecuária em setembro", disse.
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