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Você sabe o que são as corporate ventures?
Projetos apoiados por grandes empresas ou nascidos dentro delas recebem apoio para virar negócios
Na jornada em direção à competitividade baseada na inovação, empresas de todos os segmentos e portes estão buscando novas formas de gerar novos negócios, que não venham apenas de produtos saídos dos fornos dos laboratórios de pesquisa.
Um segmento da inovação corporativa que vem crescendo consideravelmente, embora muitos ainda chamem simplesmente de novos negócios, são as corporate ventures. De uma forma bem simplificada, podemos definir corporate ventures (CV) como novas unidades de negócio em empresas já existentes.
Das várias formas de classificar as CVs, a mais clássica é a interna/externa. Um CV interno é quando a empresa cria, em sua divisão de inovação, uma incubadora interna, na qual ideias de novos negócios, incluindo os produtos que saem dos laboratórios, são iniciadas com estruturas enxutas e simples. Elas se desenvolvem de forma isolada da organização e ganham vida própria na medida em que o produto se torna maduro, quando o mercado é definido e se iniciam as vendas iniciais. Quando esse novo negócio ganha porte suficiente, acontece o “spin-off” ou seja, essa pequena divisão de negócio se torna uma nova empresa. Ela sai da incubadora e ganha uma estrutura maior para seguir independentemente, porém ainda dentro do mesmo grupo empresarial.
Já no CV externo, o movimento é inverso. Uma pequena empresa nasce em qualquer lugar, nas mãos de um empreendedor e com recursos próprios. Na medida em que começa a prosperar e ganhar visibilidade, entra no radar das grandes organizações. As companhias se associam à pequena empresa, investindo no seu crescimento com estrutura, gestão e capital. A grande empresa se torna uma sócia e ajuda esse pequeno negócio a crescer rapidamente. Quando está madura e pronta, acontece o chamado “spin-in” ou seja, a aquisição da empresa, que é então é incorporada ao grupo empresarial.
Em ambos os casos, o princípio é o mesmo, a criação de novos negócios isolados da organização a partir de ideias baseadas em oportunidades identificadas. A grande vantagem de criar um negócio nascente fora da estrutura da empresa é mantê-la livre dos controles e processos burocráticos que são necessários às grandes organizações, mas que tiram a flexibilidade e dinamismo dos negócios nascentes.
Nessas pequenas empresas, há menos hierarquia, menos processos estruturados e muito jogo de cintura para permitir a configuração do modelo de negócio na medida em que ele vai se constituindo. Quanto maior o grau de inovação do produto ou do modelo de negócio, maior é a necessidade de se manter longe das estruturas existentes das corporações.
Ao contrário dos modelos de capital de risco tradicionais, nos quais investidores financiam o surgimento e o crescimento de novos negócios, desde que tenham alto potencial de crescimento, com vistas na valorização do negócio e na sua venda no futuro, os CVs têm interesse mais estratégico do que financeiro. Para os CVs, mais importante do que remunerar o investimento é ganhar vantagem competitiva, gerar inovações e colocá-las rapidamente no mercado. Por isso, os CVs entram com mais do que capital, eles trazem profissionais qualificados, conhecimento do mercado, estrutura operacional, canais de distribuição, marca consolidada e tecnologia. Em resumo, é o melhor dos dois mundos, a agilidade de uma pequena com a estrutura de uma grande.
Normalmente, o que caracteriza um novo negócio nesse modelo, são os seguintes fatores:
- Trata-se de um novo negócio, e não de um processo, tecnologia, produto ou serviço;
- Existem riscos envolvidos no projeto novo que não seriam normalmente tolerados se ele fosse lançado na empresa-mãe;
- O risco alto está associado ao alto grau de incerteza sobre os resultados do desafio, e o fracasso do projeto é um resultado esperado;
- É gerido separadamente da empresa-mãe, por tempo indeterminado;
Alguns exemplos de empresas que estão com divisões de novos negócios focados no conceito de CV: Braskem, Cemig, Dow, IBM, Intel, Telefônica, Google, Promon, Votorantim, Odebrecht, 3M e Grupo Bandeirantes. Cada uma possui formas diferentes de criar novos negócios, até porque a natureza da atividade de cada negócio é diferente e exige perspectivas de abordagem distintas. Enquanto empresas de tecnologia tendem a ver novos negócios saindo das iniciativas de seus especialistas técnicos, empresas de serviços procuram explorar novos negócios para diversificar suas operações e se antecipar à concorrência. Por isso estão mais de olho em negócios nascentes externos.
De uma forma ou de outra, vemos que esse modelo está crescendo e ganhando espaço nas discussões sobre formas de inovação aberta no meio corporativo. Vamos ficar de olho para ver a relevância do tema nos próximos anos.
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