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Inflação volta a acelerar no início de janeiro

A prévia da inflação em janeiro, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superou as expectativas de alta de preços.

Fonte: Estadão

IPCA-15 vai a 0,65%, maior taxa desde maio de 2011; ministro Guido Mantega classifica resultado como pontual e diz que "inflação está caindo"


A prévia da inflação em janeiro, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superou as expectativas de alta de preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 0,65% em janeiro, variação mais alta desde maio de 2011 (+0,70%), em nova aceleração depois do resultado de dezembro (+0,56%). Para analistas, o resultado pode limitar a trajetória de queda dos juros.

O IPCA-15 antecipa o desempenho do IPCA, referência para as metas inflacionárias do governo. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 ficou em 6,44%, abaixo dos 6,56% do período imediatamente anterior. Os principais vilões do resultado deste mês foram transportes e alimentação.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou o resultado, que classificou de pontual. "A inflação está caindo de um modo geral e ela tem uma elevação sazonal nesta época."

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, concorda com o ministro.

Para ele, o IPCA-15 de janeiro pode ser considerado "um ponto fora da curva" por causa da forte influência dos preços administrados.

"Não é uma tendência de alta dos preços muito forte para o ano. O IPCA de janeiro deve ficar um pouco acima das projeções, mas não altera a expectativa para o ano, que é de IPCA em torno de 5%", avaliou Freitas, lembrando que os reajustes das mensalidades escolares deverão ser outra fonte de pressão sobre o índice no início de 2012. Ele cita os sinais de ociosidade na indústria como um sinal de que a alta do IPCA-15 não reflete uma demanda aquecida.

Para o cálculo do IPCA-15, o IBGE coletou preços entre 14 de dezembro e 13 de janeiro em 11 regiões metropolitanas. Entre dezembro e janeiro, o índice foi fortemente influenciado pelo fim da deflação no segmento de transportes, que teve alta de 0,79%. Pressionado pelo reajuste de tarifas em ônibus urbanos no Rio e em Belo Horizonte e dos intermunicipais em várias regiões, esse grupo respondeu sozinho por 0,15 ponto porcentual do IPCA-15.

Também houve fim de deflação nas tarifas aéreas, que subiram 10,54% na prévia de janeiro, depois do resultado de -2,06% em dezembro. A inflação dos alimentos desacelerou levemente a alta na virada do ano, atingindo 1,25% em janeiro ante 1,28% no IPCA-15 de dezembro. Mesmo assim, o grupo respondeu por quase metade do índice, que ainda não incorporou os novos pesos dos itens no cálculo do IPCA para este ano.

Restaurante. A refeição fora de casa contribuiu com o maior impacto individual: alta de 1,63%. Os serviços subiram 0,71% e o grupo habitação manteve a taxa de 0,54% de dezembro.

Ontem, analistas de mercado projetavam um IPCA cheio em janeiro entre 0,53% e 0,66%. O economista Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, lembra que transporte e mensalidade escolar pesam muito no IPCA e costumam sofrer reajustes indexados, carregando a inflação passada para a deste ano. Com isso, a queda da inflação em 2012 será gradual, avalia.

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