Norma foi aprimorada após consulta pública e amplo diálogo com a sociedade
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BC intervém, mas dólar sobe para R$ 2,08
Para Mantega, "todo remédio tem efeito colateral" e valorização torna produtos brasileiros mais competitivos
Mesmo após duas intervenções do Banco Central, o dólar fechou ontem em alta de 1,66%, negociado a R$ 2,078 na compra e R$ 2,080 na venda. É a maior cotação desde maio de 2009, quando atingiu R$ 2,109. Na máxima do dia, o dólar foi vendido a R$ 2,086 e, na mínima, a R$ 2,039. Segundo operadores, a alta está ligada à procura por hedge (proteção) por parte de empresas com dívidas em moeda estrangeira. Mas também existiria uma queda de braço entre mercado e governo sobre o novo patamar para o dólar.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que essa valorização está sendo positiva para a indústria nacional, destacando que de janeiro a agosto a moeda americana se valorizou 20% em relação ao real, o que significa que os produtos brasileiros estão 20% mais competitivos no mercado internacional. Ao participar de audiência pública no Senado, ele não demonstrou preocupação com os efeitos que a valorização pode ter sobre o endividamento das empresas no exterior nem sobre a inflação.
- Todo remédio tem efeito colateral. Mas não é por isso que deixamos de tomar. No caso do câmbio, o efeito colateral é afetar alguma empresa que tem empréstimos no exterior, mas se (a empresa) for precavida, fez hedge (operação para se proteger de oscilações cambiais). O câmbio também pode provocar alguma elevação da inflação, mas já medimos isso e essa elevação é pequena - disse o ministro.
Com a variação de ontem, o dólar acumulou alta de 9,09% em maio, enquanto, no ano, a valorização sobre o real chega a 11,34%. O dólar turismo subiu 0,91%, cotado a R$ 1,97 na compra e R$ 2,20 na venda.
Para tentar conter a escalada da moeda americana, o BC fez dois leilões de swap cambial, o que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o contrato de dólar para junho teve alta de 1,53%, a R$ 2,078, após máxima de R$ 2,0945.
- Os contratos que o BC vendeu nos dois leilões foram insuficientes. Há muita demanda de empresas por hedge (proteção) no mercado futuro. Companhias que acreditavam que o dólar voltaria para a cotação de R$ 1,80 a R$ 1,90, e não se protegeram do risco cambial, agora estão buscando essa proteção porque entendem que o governo está satisfeito com o dólar rondando os R$ 2. Elas agora pagam mais caro e puxam a taxa - afirmou Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, especializada em câmbio.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em queda de 2,74%. Esse resultado refletiria, em parte, a avaliação de que o pacote anunciado pelo governo terá efeito limitado sobre a atividade econômica.
- As medidas só beneficiaram dois setores (automotivo e de bens de capital), e o mercado esperava incentivos para material de construção e financiamento imobiliário - disse Pedro Galdi, economista da SLW corretora, destacando que o reflexo dessa insatisfação foi sentido nas ações de construtoras, que tiveram as maiores perdas da Bolsa. PDG Realty ON caiu 11,34%, Rossi Resid, 10,37%, e Gafisa ON, 9,9%.
Os papéis com maior peso no Ibovespa também encerraram em queda: Vale PNA (1,13%); Petrobras PN (3,38%) e OGX Petróleo ON (9,40%). O índice operou em queda durante todo o dia, seguindo os mercados americanos. A bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,29% e o Dow Jones, 0,01%. Na Europa, as Bolsas fecharam em alta após a divulgação de um maior índice de confiança do consumidor em maio. A Bolsa de Madri subiu 2,10%; Frankfurt, 1,65%; Paris ganhou 1,88%; e Londres, 1,86%.
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