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"Dólar pode atingir R$ 2,62 em 3 meses"
Num quadro em que o ciclo de crédito global mudou, eventuais fragilidades ganham mais peso.
O chefe global de estratégia de câmbio do banco de investimento Brown Brothers Harriman, Marc Chandler, vê espaço para desvalorizações adicionais das moedas de países emergentes, com o dólar podendo atingir de R$ 2,60 a R$ 2,62 no Brasil nos próximos três meses. Segundo ele, o movimento das divisas dos países em desenvolvimento ocorre num momento em que as economias avançadas estão um pouco mais fortes, e os fluxos de capitais, que beneficiaram por vários anos os emergentes, se inverteram. Existe a perspectiva de redução dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e os preços de commodities estão mais fracos, com a China passando a crescer mais perto de 7% ao ano do que de 9% a 10%.
Professor da Universidade de Nova York, Chandler diz que moedas de países como o Brasil e a Índia têm sofrido mais por causa dos déficits nas transações de bens, serviços e rendas com o exterior. "Os países que estão mais vulneráveis são os que têm déficits em conta corrente", afirma ele, lembrando que nações como Brasil e Índia padecem ainda de uma inflação alta. Nos 12 meses até junho, o déficit em conta corrente brasileiro ficou em 3,2% do PIB, acima dos 2,4% do PIB do ano passado.
Num quadro em que o ciclo de crédito global mudou, eventuais fragilidades ganham mais peso. "Quando o dinheiro está entrando no país, as pessoas não enfatizam tanto a falta de reformas estruturais. Eles veem o copo meio cheio. Agora, como os capitais estão saindo, eles veem o copo meio vazio."
Para ele, o Fed não vai começar a reduzir o ritmo de compra de ativos em setembro, mas isso não livrará o mercado de incertezas no curto prazo. Chandler acredita que os investidores começarão a discutir com mais intensidade não apenas o timing da retirada dos estímulos, mas também qual será a magnitude da diminuição das aquisições de títulos do Tesouro e papéis lastreados em hipotecas, hoje em US$ 85 bilhões por mês. Além disso, poderá haver algum nervosismo devido às discussões entre democratas sobre a elevação do teto da dívida do governo americano, que precisará ser aumentado em outubro ou novembro.
A seguir, os principais trechos da entrevista, feita na quarta-feira.
Valor: O que explica a onda de desvalorização das moedas de países emergentes? A perspectiva de que o Federal Reserve vai começar a reduzir os estímulos monetários?
Marc Chandler: Isso é parte da questão, mas a redução dos estímulos monetários pelo Fed faz parte de uma história maior. Depois de vários anos, parece que as maiores economias avançadas estão ganhando alguma tração. As pessoas começaram a falar da redução do ritmo de compra de ativos pelo Fed em maio ou junho, mas a pressão real sobre as moedas de países emergentes ocorreu um pouco depois. Ao mesmo tempo, isso ocorre num ambiente marcado por outros fatores importantes.
Valor: Quais?
Chandler: Eu apontaria a fraqueza dos preços de commodities, por exemplo. A China começou a desacelerar, passando de um crescimento de 9% a 10% ao ano para perto de 7%. Esses fatores se combinam com vários anos de bom desempenho dos emergentes, com capitais procurando esses mercados. Os fluxos estão se invertendo.
Valor: A bolha das moedas emergentes estourou?
Chandler: Não diria que foi uma bolha. Mas o capital entrou por muitos anos e agora sai, expondo fraquezas estruturais. Em alguns países como o Brasil, houve mudanças no governo. [A presidente] Dilma Rousseff não tem a mesma credibilidade que, ironicamente, [o ex-presidente] Lula tinha.
Valor: Em que medida os preços mais fracos de commodities explicam a depreciação?
Chandler: É difícil dizer em que medida os preços de commodities mais fracos são uma causa ou se trata de algo que ocorre ao mesmo tempo que a depreciação das moedas. A ideia é que os movimentos das commodities e dos mercados emergentes eram em parte uma sinergia e em parte tinham a mesma causa - o acesso relativamente fácil a capitais provenientes dos países desenvolvidos. Houve algumas reformas modestas nesses países, mas a questão mais importante era o dinheiro migrando dos países de alta renda por causa dos juros baixos. Como o dinheiro está saindo dos países emergentes, as pessoas querem culpar políticas individuais, no Brasil, na Turquia, na Indonésia ou na Índia.
Valor: Mas há diferentes magnitudes de desvalorização. O real foi a moeda que mais se desvalorizou nos últimos meses. Por quê?
Chandler: Nem todos os mercados emergentes são atingidos do mesmo modo. Os países que estão mais vulneráveis são os que têm déficits em conta corrente. O país precisa importar mais capital quando há menos disponibilidade nos países desenvolvidos.
Valor: Isso ajuda a explicar o que também está ocorrendo com a moeda indiana?
Chandler: Sim. E alguns desses países com déficit em conta corrente têm outras coisas em comum, como uma inflação alta.
Valor: O sr. disse que Dilma tem menos credibilidade do que Lula. Por quê?
Chandler: O Brasil teve um período dourado com Lula. Mas, não importava quem o sucedesse, essa pessoa não seria capaz de sustentar isso, porque o clima internacional mudou.
Valor: E o peso de políticas intervencionistas, como as restrições à Petrobras para reajustar os preços, e a falta de reformas estruturais? Isso o preocupa em relação ao Brasil?
Chandler: Quando o dinheiro está entrando, as pessoas não enfatizam tanto a falta de reformas estruturais. Eles veem o copo meio cheio. Agora, como os capitais estão saindo, veem o copo meio vazio.
Valor: As moedas emergentes continuarão a se desvalorizar?
Chandler: Provavelmente não vimos os níveis mais desvalorizados para o real e várias outras moedas emergentes. Se você olhar quanto dinheiro de curto prazo entrou no Brasil, na Indonésia e em outros mercados emergentes, a minha avaliação é que um terço já saiu.
Valor: O Banco Central deve lutar contra essa depreciação?
Chandler: As autoridades parecem preocupadas não muito com a direção, mas com o ritmo da depreciação. Se o real vai se depreciar num ritmo lento o suficiente para não afetar as expectativas de inflação. Esse é o risco num país como o Brasil, de que a moeda mais fraca se traduza em inflação mais alta rapidamente. Eles [o Banco Central brasileiro] parecem querer suavizar a depreciação. Não acho que vão lutar contra ela.
Valor: O sr. tem alguma estimativa para o real?
Chandler: O que parece razoável é o real atingir de R$ 2,60 a R$ 2,62 nos próximos três meses.
Valor: O sr. espera que o Fed comece a reduzir os estímulos monetários em setembro?
Chandler: Não. Acho que eles podem fazer isso mais para frente neste ano. A ata da Comitê de Mercado Aberto do Fed [Fomc, na sigla em inglês] não revelou nada de novo. O que nós sabemos ao certo é que Bernanke disse que, se a economia tiver um desempenho conforme o esperado pelo Fed, eles podem começar a fazê-lo mais tarde neste ano. Há vários eventos que vão ocorrer em setembro que podem afetar as moedas emergentes, especialmente nas próximas semanas. Há a possibilidade de que o Fed reduza o ritmo de compra de ativos, ainda que eu não acredite nisso. E existe também a discussão da magnitude em que as compras de títulos serão reduzidas. Há a questão do teto da dívida [americana], que pode se tornar mais feia. Na Europa, há a eleição na Alemanha, e outros problemas na Europa podem surgir, como se a Grécia vai precisar de mais dinheiro, se Portugal precisará de outro pacote.
Valor: E como tudo isso vai afetar os fluxos de capital?
Chandler: Isso vai causar mais incertezas, podendo levar mais capitais a saírem dos mercados emergentes. A tendência virou. É improvável que o aumento nos juros americanos [dos títulos do Tesouro] tenha acabado.
Valor: O sr. acredita no dólar forte, num cenário marcado pela perspectiva de redução dos estímulos monetários e crescimento mais forte do que na Europa?
Chandler: Eu tenho uma visão positiva em relação ao dólar. Acho que do mesmo modo que a maré para o Brasil e para os emergentes baixou, a maré para os EUA subiu. Não é apenas a questão da redução do ritmo de compra de ativos pelo Fed. Olhe para os principais países avançados. A Europa ainda não conseguiu resolver a sua crise da dívida. O Japão está num momento perigoso, com seus grandes problemas, com uma população e uma força de trabalho que encolhem, e com vizinhos perigosos.
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