Relatório da Secretaria de Política Econômica traz dados sobre o desempenho fiscal de 2023 e uma prévia do resultado de 2024, com dados até setembro
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Notícia
“Culpa da crise”: a justificativa de alguns incompetentes
Pare de chorar e vá vender lenços
Corram para as colinas! Se você liga a televisão nos principais telejornais hoje em dia, nem sai de casa, fica com medo. Estamos em crise! O dólar bateu a cotação recorde. O investment grade do Brasil caiu, segundo a Standard & Poors. Temos uma crise econômica, moral e política no governo brasileiro. E tudo isso devidamente midiatizado e espetacularizado pelos grandes veículos. Afinal, tudo isso vende jornal, dá audiência e gera bom tráfego para os principais portais.
Não tem como negar. Temos uma crise econômica hoje em curso. Os números e indicadores econômicos mostram claramente que as placas tectônicas de nosso país sofrem algum tipo de descompasso. Mas que crise é essa? Qual a gravidade do que está acontecendo? Como tudo isso impacta nossas vidas, nossas relações, nossos negócios? São questões importantes e que exigem de nós reflexões essenciais.
Vamos lá! Para começar, crise de verdade mesmo foi a de 2008, onde o mundo passou sim pela maior crise econômica de todos os tempos, desde a quebra da bolsa de Nova York, em 1929. E qual o verdadeiro tamanho e a verdadeira gravidade dessa crise pela qual o Brasil passa hoje? Muito complexo e difícil analisar com clareza e sensatez o que acontece hoje no Brasil. Tentar ler a crise que enfrentamos hoje, sair dando nossas impressões e cairmos em argumentos simplistas e rasos é uma armadilha muito fácil. E vejo, pelo menos nas minhas timelines, muita gente caindo nessa arapuca. Pessoas que nunca assistiram a uma aula de economia na vida saem destilando as mais desvairadas certezas nas nossas redes sociais do Facebook. Uma dica importante: muito cuidado com o que você lê e escuta.
Ao mesmo tempo que vemos grandes montadoras demitindo centenas de pessoas, vi que a Honda está com fila de espera de 4 meses para o novo HRV. Ao mesmo tempo que vendas do comércio caem, parece que o Magazine Luiza decidiu não entrar na crise esse ano. Poucos meses atrás, em evento em Pernambuco, a presidente do grupo, Luiza Trajano, disse que as expectativas de crescimento e lucro se mantêm nesse ano, ainda que o cenário econômico não seja dos mais favoráveis para os comerciantes. Entre as inúmeras estratégias para movimentar a companhia, ela tem apostado em investimentos e patrocínio do futebol, e em ações promocionais muito agressivas, que vão desde a facilidade de financiamento de mercadorias até sorteios de condomínios residenciais.
Temos uma crise hoje no Brasil, mas os principais bancos anunciaram lucro recorde no primeiro trimestre desse ano. Como assim? Fica claro que a crise atinge apenas alguns setores da economia. Que crise é essa? Podemos decidir não entrar na crise? Eu acredito que sim. O meu escritório de consultoria, a Hiller Training & Consulting, tem fechado projetos bastante interessantes esse ano e estamos em conversas muito bacanas com outros grandes potenciais clientes. Projetos de posicionamento e reposicionamento de marcas, programas de educação executiva em empresas, investigações de pesquisa em curso, enfim, muita coisa boa acontecendo. Alguns amigos meus consultores relatam a mesma coisa. Está sendo um bom ano. Eu decidi não entrar na crise. Ao mesmo tempo que vejo um mimimi danado nas minhas timelines e em conversas com amigos, alunos, parceiros, fornecedores, eu estou metendo a faca nos dentes e estou indo pra cima. Prospectando, chamando reuniões, propondo ideias e fechando projetos de consultoria.
O que não gosto, e que vejo de uma forma recorrente em momentos turbulentos como esse, é de ver as pessoas usarem o discurso, levemente hipócrita, do “nossas vendas caíram, culpa da crise”, “nossa empresa faliu por causa da crise”, “vamos demitir e é tudo culpa do governo”. Evidencio de forma recorrente esse discurso, meio muleta, da crise como justificativa de ineficiência e de graves falhas de gestão. A crise não nasce de uma hora para outra, ela não brota do solo de forma repentina, ela dá sinais. E cabe às empresas captar esses indícios e se prepararem.
Dias atrás vi a notícia de que uma grande e tradicional empresa varejista do ramo de calçados e acessórios da cidade de São Paulo está fechando algumas de suas lojas por conta da queda do consumo. Eu mesmo era cliente dessa rede de lojas há anos e confesso que nunca os vi fazerem uma inovação sequer. Sempre a mesma coisa, a mesma loja, os mesmos sapatos, o mesmo modelo de negócio. E quer sobreviver assim ad eternum? Já dizia minha avó: “camarão que dorme a onda leva”.
Ora, bolas! Essas empresas que adotam esse discurso aos fecharem lojas, por um acaso, inovaram em quê, nos últimos anos? Essas empresas que hoje lamentam, investiram em capacitação de suas equipes nos últimos tempos? Não? Então pare com a choradeira, agora. Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes, disse outro dia um cientista chamado Albert Einstein.
A economia é cíclica. Depois da tempestade, as nuvens vão embora e vem um novo dia de sol. Alguns desses que choram e reclamam da crise, talvez tenham sido os que mais ganharam dinheiro no Brasil nos últimos 5 anos. Eu estou indo para cima. Decidi não entrar na crise. Certa vez, Nizan Guanaes disse que “enquanto uns choram, eu vendo lenços”. Estou vendendo lenços.
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