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Em tempos de coronavírus, o negócio é vender à distância
Saiba como contornar a fuga de consumidores por conta da epidemia, e agora, a quarentena determinada por lei, usando a internet, redes sociais e até televendas a favor da sua loja
Ao longo dos últimos dez dias, o comércio paulistano começou a sentir de perto os impactos da pandemia de coronavírus, com o sumiço de consumidores das ruas e, na última terça-feira (24/03), com o início da quarentena determinada por lei estadual.
Mas, se de um lado há incentivo e até mobilização a favor do uso do delivery para não impactar tanto o caixa de restaurantes, bares e lanchonetes, listados como estabelecimentos que não podem abrir ao público, como ficam os pequenos comércios considerados não-essenciais, como vestuário e calçados, por exemplo?
Vendendo à distância. Ou seja, via sites, redes sociais, marketplaces, televendas... Enfim: o que não dá é para sua loja parar de faturar de repente. E, muito menos, ser esquecida pelos consumidores enquanto durar esse período.
CRIATIVIDADE É TUDO
Para tentar diminuir as perdas dessa quarentena, Alexandre Giraldi, consultor do Sebrae-SP, afirma que o ideal é manter sua empresa viva com ações diferenciadas, olhando para o comportamento do consumidor para entender o que ele precisa em um cenário sem previsão de voltar à normalidade.
"Seja a compra de roupas dos filhos que cresceram, ou a troca de toalha de mesa por um jogo americano, vale oferecer produtos de melhor valor agregado a um custo acessível para ficar sempre em contato com o cliente."
Como tática para fidelizar consumidores ou atrair novos, Giraldi recomenda fazer campanhas pelo Whatsapp, do tipo "Monto sua sacola". Para isso, basta enviar uma cesta de produtos ao gosto do cliente. O que não interessar, devolve.
Ou ainda, fazer disparos no WhatsApp de tabloides com listas de produtos que se encaixam em suas preferências, com preços, descontos, prazos de entrega e parcelamentos diferenciados.
"Parcelar a venda no crédito para pagar daqui a dois, três meses, além de estimular a compra, pode render a antecipação desse recebível em um momento turbulento como o atual", diz.
Fazer cadastro em marketplaces, ou seja, as plataformas de venda on-line do tipo Enjoei, Mercado Livre ou Elo7, entre outros, já resolvem a questão da logística para os pequenos, seja ela própria de cada empresa ou via Correios, lembra.
"Até o próprio dono pode montar campanhas onde ele mesmo fará a entrega (mantendo a devida distância), já que está de 'folga' pois não pode abrir a loja: o consumidor economiza no frete, e ainda se sente mais próximo da marca."
Porém, a venda via mídias sociais, como a lojinha que se monta no Instagram, o cadastro de produtos no Whatsapp Business para o cliente acessar, assim como ferramentas de impulsionamento ou parcerias com influencers ajudam, no mínimo, a gerar tráfego onde quer que os produtos desse pequeno lojista estiverem expostos.
"Em uma loja de roupas ou numa papelaria, vale sempre usar o cadastro de clientes para direcionar as ações. Quem não tem, vai para a internet: em casa, mesmo que não estejam necessariamente comprando, as pessoas sempre consultam", diz.
Agora, segundo Giraldi, é o momento de usar a criatividade, criando ofertas de produtos para os clientes ligadas à situação atual e que chamem cliques nas vendas à distância: em vez de roupa de festa, vender "roupa-de-ficar-em-casa", como pijamas. Ou, com a higienização de ambientes em alta, montar "kits anti-coronavírus", com produtos de limpeza a preços acessíveis.
"Nesse momento, não dá para saber quanto tempo certos produtos vão ficar em estoque: uns podem render, mas outros podem ficar ultrapassados", diz. "Portanto, o que der para o pequeno lojista fazer, seja dando descontos ou barateando preços para pelo menos repor o caixa que pode ficar descoberto por tempo indeterminado, faça. O negócio é se adaptar."
TRABALHO EM CONJUNTO
Em um dos grandes polos do varejo atacadista paulistano, o Brás, que sem o fator coronavírus recebe cerca de 500 ônibus e uma média de 300 mil a 500 mil pequenos lojistas e sacoleiras de todo o país por dia, o movimento e as vendas caíram mais de 50% só nos dias 16 e 17 de março. Nas lojas fechadas desde a última sexta (20/03), ainda se contabilizam as perdas.
Para não perderem seus clientes, claro, mas ao mesmo tempo, ajudá-los a continuar vendendo, atacadistas como a Brascol, há 31 anos na região, têm reforçado informações e dado dicas para os 1,5 mil pequenos comerciantes de moda infanto-juvenil do seu mailing se reinventarem e manterem os negócios paralelamente às ações de combate ao vírus.
"É uma grande cadeia que não pode parar, pois os pequenos empreendedores contam com as mercadorias disponibilizadas no Brás para darem continuidade aos seus negócios", diz Antônio Almeida, superintendente da Brascol.
A empresa, que se considera "um negócio para gerar negócios", pois procura orientar seus clientes a operar de forma mais simples possível, procura se mobilizar para não deixar os pequenos lojistas na mão nesse momento.
"Disponibilizamos todos os canais de venda a distância: Whatsapp, televendas e e-commerce. Além disso, diminuímos o valor mínimo de compra, assim como as parcelas para compra via cartão e boleto", conta Almeida. "Também intensificamos os canais de mídias sociais, como Instagram e Facebook, com o objetivo de dar dicas de saúde e manutenção de negócios."
Para criar um fluxo de vendas e uma gestão de estoque eficiente para atravessar esse momento em que, em tese, roupas não seriam a prioridade de compra para o consumidor, Almeida lembra que a previsão para esse ano é que o inverno deve chegar mais cedo, a partir da segunda quinzena de abril (apesar de que tudo dependerá da evolução dos impactos do coronavírus).
"O pequeno lojista deve ter esses produtos em seu estoque, pois na mudança de clima a resposta costuma ser bem intensa, como ocorreu no início do mês", afirma. "E, para isso, além de utilizar os canais a distância (Whatsapp, televendas e e-commerce) para fazer suas reposições, o ideal é manter a comunicação através das redes com seus clientes", conclui.
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