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3 atitudes para um negócio em família dar certo
As empresas familiares representam uma parte significativa da economia brasileira, mas também são alvo de muitos conflitos. A experiência de Arthur Rufino mostra que é possível, sim, ter sucesso com a mistura família e negócios
O aumento do desemprego foi um dos principais impactos da pandemia do novo coronavírus no Brasil, cuja economia deve contrair 5,6% em 2020, segundo estimativas do mercado financeiro.
O desemprego no Brasil aumentou para 13,3% no segundo trimestre do ano, um volume de cerca de 12,8 milhões de brasileiros sem trabalho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com tantas famílias afetadas pelo desemprego, é natural surgir a seguinte ideia: por que não começar um negócio do zero em família?
As empresas familiares representam uma parte significativa da economia brasileira. Dados do IBGE e do Sebrae revelam que 90% das empresas brasileiras são familiares e que elas representam 65% do PIB (Produto Interno Bruto).
Mesmo muito disseminadas no mercado, esses negócios enfrentam grandes desafios quando o assunto é a sucessão. Habituado a levar uma vida confortável, o empresário Arthur Rufino viu o pai falir no final de sua adolescência. Foi quando ele e o irmão tiveram que ajudar o pai, Geraldo Rufino, na empresa que ele havia fundado quase duas décadas antes, a JR Diesel – hoje, a maior do Brasil em reciclagem e distribuição de peças automotivas seminovas.
Desde então, formaram uma família empreendedora. Com a ascensão do negócio, Arthur, na figura de filho mais velho, ocupou a posição de presidente. O mais novo, Guilherme assumiu a direção de vendas, enquanto a matriarca Marlene passou a controlar toda a gestão do negócio – como, RH e a área financeira. Juntos, foram descobrindo um jeito próprio de administrar o sustento da família.
Na última semana, Arthur Rufino foi um dos convidados do SOS Empreendedor e trouxe um relato que confirma que é possível, sim, ter sucesso com a mistura família e negócios.
RESPEITE A FUNDAÇÃO, CRIE A TRANSIÇÃO
No comando da empresa fundada pelo pai em 1985, Arthur realizou a sucessão com apenas 31 anos. O segredo, segundo ele, foi saber respeitar o legado do pai e preservar a cultura da empresa. Arthur diz que a experiência lhe mostrou que o sucessor costuma partir do princípio de que tudo que o fundador criou é velho, ultrapassado e precisa ser substituído. Um erro, na opinião do empresário.
Nas palavras de Arthur, o sucessor precisa ter em mente que independentemente do tamanho da empresa, a figura do fundador foi responsável por algo que deu origem ao negócio e trouxe a empresa até aquele determinado ponto.
Foi um plano ambicioso da dupla de irmãos que convenceu Geraldo que já era hora de materializar a sucessão. Na época, meados de 2014, o plano era aumentar o número de veículos desmontados por ano de 700 para cerca de 5 mil.
Para aumentar a capacidade de trabalho e o material em estoque pensavam em reformar a sede e construir outras duas em dois estados diferentes. Em seguida, o plano era criar novos canais de vendas para escoar os produtos.
“Se determinado ponto tem sucesso atualmente não importa. Importa que ele tem uma cultura e formato que devem ser respeitados”, diz.
Nas palavras do empresário, cabe ao sucessor concentrar esforços em criar uma transição “segura, confortável e feliz para esse líder”.
FILHO DO DONO NÃO PRECISA SER PRESIDENTE
Embora acredite na força de empreender em família e na união familiar que essa prática pode trazer, Arthur destaca que nem todo sucessor tem perfil para administrar um negócio numa posição executiva.
Embora seja uma decisão delicada, Arthur diz que empreender em família é aprender a lidar com as decisões e emoções para que os dois patrimônios, empresa e família, sigam estruturados e em harmonia. Segundo o empresário, manter alguém sem perfil no papel de liderança por laço sanguíneo é ruim para o desenvolvimento pessoal do profissional em questão, e prejudica a empresa, que gasta sem ter resultado.
“O familiar que de certa forma for descartado de alguma função precisa entender a importância desse distanciamento para a preservação desse ativo, pois ele terá sua participação nos resultados”.
FELICIDADE COMO RESULTADO FINAL
Se para algumas empresas a palavra da vez é propósito, o mantra da família Rufino é felicidade. Arthur diz ter aprendido com o pai que acima de qualquer lucro, problema ou estratégia, a felicidade deve surgir como última linha de resultado.
“O sucesso da empresa é necessário para a sobrevivência da família e importante para a renda e lucratividade da empresa, mas se vamos lucrar 25% a mais e destruir a família ao mesmo tempo, aquele lucro não faz sentido”.
Ao mesmo tempo que parece ser simples, trata-se de um comportamento que exige um exercício diário, segundo o empresário.
A regra imposta pelo patriarca é de que ao final de todo dia de trabalho, todos os familiares estejam bem entre si – uma rotina que o próprio Geraldo apelidou de “Beijinho no fim do dia”. Um hábito, que segundo Arthur, traz certa morosidade a alguns resultados já que algumas decisões precisam ser mais discutidas e adiadas para não prejudicar o almoço de domingo.
“Com o tempo, passamos a ser mais criativos, aprendendo a driblar as diferenças para ter sucesso nas decisões sem abrir mão do bom convívio”.
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