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Inflação de novembro tem alta de 0,89%, maior elevação em 5 anos
Os maiores aumentos de preços aparecem no grupo Alimentação e Bebidas, que saiu de uma elevação de 1,93% em outubro para um avanço de 2,54% em novembro
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,89% em novembro, maior elevação para o mês desde 2015, quando aumentou 1,01%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado de novembro de 2020, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 3,92%, em outubro, para 4,31%, ante uma meta central de 4% perseguida pelo Banco Central.
A meta tem margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para baixo ou para cima (índice de 2,50% a 5,50%).
Dois dos nove grupos que integram IPCA registraram deflação em novembro. Os recuos ocorreram em Saúde e Cuidados Pessoais (-0,13%) e Educação (-0,02%).
Houve aumentos de preços nos grupos Alimentação e Bebidas (2,54%), Habitação (0,44%), Artigos de Residência (0,86%), Vestuário (0,07%), Transportes (1,33%), Despesas Pessoais (0,01%) e Comunicação (0,29%).
Nos Artigos de Residência, TV, som e informática caíram 1,02%, mas eletrodomésticos e equipamentos subiram 0,72% e itens de mobiliário aumentaram 1,48%.
No grupo Vestuário, houve quedas nos preços das roupas masculinas (-0,33%) e dos calçados e acessórios (-0,19%), mas alta nas joias e bijuterias (0,96%).
Em Habitação, as maiores pressões partiram do aluguel residencial (0,44%) e do gás de botijão (1,37%), cada um com impacto de 0,02 ponto porcentual sobre o IPCA de novembro.
O gás encanado subiu 1,57%, em consequência do reajuste de 6,25% nas tarifas no Rio de Janeiro retroativo a 1º de novembro.
A taxa de água e esgoto aumentou 0,32%, em função de reajustes em uma das concessionárias de Porto Alegre e em Belo Horizonte.
A energia elétrica teve ligeira alta de 0,01%.
Todas as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram altas de preços em novembro. O maior resultado foi o do município de Goiânia (1,41%), enquanto o mais baixo foi registrado em Brasília (0,35%).
ALIMENTOS
As famílias voltaram a gastar mais com alimentos no mês de novembro. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma elevação de 1,93% em outubro para um avanço de 2,54% em novembro.
O grupo contribuiu com 0,53 ponto porcentual para a taxa de 0,89% do IPCA no mês. "A aceleração (do IPCA) nos últimos meses foi muito em função dos preços dos alimentos", disse Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
Segundo Kislanov, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumento de preços. O índice de difusão dos produtos alimentícios subiu de 73% em outubro para 80% em novembro. "Então 80% dos subitens do grupo alimentação e bebidas tiveram variações positivas. A inflação está mais espalhada pelos alimentos", apontou Kislanov.
Os alimentos para consumo no domicílio subiram 3,33% em novembro. As carnes ficaram 6,54% mais caras, item de maior impacto sobre o IPCA do mês, uma contribuição de 0,18 ponto porcentual.
A batata-inglesa aumentou 29,65%, a quarta maior pressão sobre a inflação, 0,05 ponto porcentual, seguido pelo tomate, com aumento de 18,45% e impacto de 0,05 ponto porcentual.
As famílias também pagaram mais pelo arroz (6,28%) e pelo óleo de soja (9,24%).
Por outro lado, o leite longa vida teve queda de 3,47%, maior contribuição negativa para a inflação, -0,03 ponto porcentual.
Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,57% em novembro, influenciada pela alta na refeição fora de casa (0,70%), mas também ficaram mais caros a cerveja (1,33%) e refrigerante e água mineral (1,05%).
O grupo Alimentação e bebidas subiu 12,14% no acumulado de janeiro a novembro 2020.
Em 12 meses, alimentação e bebidas aumentaram 15,94%.
Segundo Kislanov, o IPCA ao fim de 2019 estava pressionado especificamente pelas carnes, enquanto que a taxa de inflação acumulada neste ano mostra uma pressão mais disseminada dos itens alimentícios.
"No final do ano passado, esse resultado acumulado nos últimos 12 meses e no início deste ano estava muito relacionado a um item específico, que eram as carnes. Agora a gente tem alta dos alimentícios, mas uma difusão maior, mais itens: batata, tomate, óleo de soja, arroz. No acumulado do ano desses itens todos você vê altas de mais de 60% em muitos casos, em alguns casos até de 100%", disse Kislanov.
"Com a redução do dólar, a melhora do cenário econômico, uma eventual retirada do auxílio emergencial, pode ser que tenha arrefecimento dos preços alimentícios em particular", completou.
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