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Relatório da OMS destaca como etarismo permeia diversas instituições e setores da sociedade, incluindo o local de trabalho

A consultora organizacional Caroline Marcon aponta ações para empresas combaterem o preconceito relacionado à idade, tais como processos de recrutamento e seleção às cegas

Convocada, em 2016, pela Assembleia Mundial da Saúde à liderar uma campanha global para combater o preconceito relacionado à idade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou o Relatório Global Sobre Etarismo. No documento, lançado em 2021, a organização, além de definir a natureza do preconceito de idade, resume as melhores evidências sobre o tamanho, os impactos e os determinantes do etarismo, fornecendo as estratégias mais eficazes para reduzi-lo.

O relatório mostra que o etarismo atinge tantos os mais velhos quantos os mais jovens, gerando consequências graves no que se refere à saúde, bem-estar e direitos humanos. Nos idosos, está associado a uma vida mais curta, piora da saúde física e mental e declínio cognitivo. Nos mais jovens pode reduzir seu comprometimento para a organização em que trabalham. Permeando diversas instituições e setores da sociedade, o etarismo afeta o ambiente das organizações. Segundo o documento, tanto adultos mais velhos quanto mais jovens se sentem frequentemente desfavorecidos no local de trabalho.

A consultora organizacional, coach executiva, professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP e autora do livro “O Poder dos Times AAA – Como times executivos geram crescimento sustentável por meio de pessoas”, Caroline Marcon, aponta ações que podem ser tomadas por grandes organizações para combater o etarismo, estimulando a diversidade no ambiente de trabalho.

Segundo Caroline, para evitar o etarismo, as empresas podem promover processos de recrutamento e seleção às cegas. “Atualmente, as grandes organizações não perguntam a idade do candidato, nem solicitam que o currículo enviado tenha foto, por exemplo, com o intuito de eliminar qualquer tipo de viés inconsciente que o recrutador possa ter”, diz.

Assim, de acordo com a consultora organizacional, as empresas acabam se atendo mais ao que realmente importa no currículo dos candidatos, tais como: o objetivo profissional, a experiência, as habilidades, – tantos as técnicas, quanto as interpessoais – formas de contribuir para a empresa e impacto que os candidatos pretendem gerar nas organizações.

Ressaltando que o preconceito relacionado à idade no ambiente de trabalho atinge não apenas os mais velhos como também o mais jovens, Caroline afirma que outra saída das empresas para promover diversidade etária no seu quadro de colaboradores é fazer uma mistura geracional, aproveitando as habilidades de cada geração. “Pessoas com mais idade costumam apresentar, além da experiência, uma visão sistêmica do negócio e uma maior habilidade de relacionamento, além de serem mais ponderadas”, declara.

Já colaboradores juniores, segundo a coach executiva, tendem a contribuir com mais dedicação e vontade de crescer, já que, por estarem no começo de sua vida profissional, normalmente apresentam mais tempo disponível para suas carreiras. “Pessoas mais jovens costumam também ser mais ousadas e dominar melhor as novas tecnologias, tendo assim mais acesso a informação”, diz. Caroline destaca que a combinação de diferentes gerações leva à formação de um time poderoso, que multiplica as chances de a organização se tornar bem-sucedida.

Caroline dá conselhos também às pessoas mais velhas para que consigam fazer com que o fator idade se torne praticamente irrelevante na hora de serem admitidas ou promovidas. “Faça cursos, nunca pare de estudar e mantenha-se sempre atualizado em relação à sua área de atuação, assim, não haverá desculpas, como a idade por exemplo, para o recrutador deixar de selecioná-lo para a vaga em questão”, diz.

Além disso, a consultora organizacional orienta que profissionais mais seniores procurem manter sempre a mente jovem. Uma boa forma de fazer isso, segundo Caroline, é conectando-se com pessoas de diferentes gerações. “Essa ligação é uma oportunidade para o profissional com mais idade mostrar que pode contribuir de maneira valiosa para o time e para a empresa”, ressalta.

De acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2060, haverá uma inversão da pirâmide populacional brasileira, com pessoas com 60 anos de idade ou mais representando 33% da nossa sociedade. Levando em conta também que a taxa de natalidade apresentará uma queda, passando dos atuais 1,85 por mulher para 1,5 a partir de 2028, é de se pensar que haverá uma redução da mão de obra mais jovem e o consequente envelhecimento da força de trabalho.

Desse modo, é cada vez mais premente que as organizações pensem em formas de combater o etarismo em seus ambientes. As ações apontadas por Caroline são apenas algumas no sentido de combater o preconceito relacionado à idade. Em seu relatório global, a OMS destaca que o etarismo deve ser combatido em conjunto por governos, agências da Organização das Nações Unidas (ONU), organizações da sociedade civil, instituições acadêmicas e de pesquisa, indivíduos e comunidades.

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