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Novas tecnologias moldam o futuro do trabalho
É fundamental preparar tecnicamente os profissionais
Como será o trabalho no futuro? Essa pergunta intriga especialistas e pesquisadores já há alguns anos. Com a aceleração da transformação digital, mudanças estão ocorrendo a uma velocidade exponencial. Um exemplo: a proporção de trabalho executado por ser humano e máquina, que está em 70 contra 30 por cento, deve se equilibrar em apenas três anos, de acordo com um relatório do World Economic Forum (WEF).
O WEF também calcula que cerca de 85 milhões de postos de trabalho serão extintos por causa do surgimento de novas tecnologias impulsionando os negócios, como 5G, soluções em cloud, internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e big data. Em compensação, outros 97 milhões serão criados. A grande questão é se os trabalhadores terão as hard e soft skills necessárias para assumir essas novas posições.
É fundamental preparar tecnicamente os profissionais. Há um déficit mundial de pessoal qualificado. No Brasil, uma recente pesquisa realizada pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) estima que o setor de TI abrirá 673,5 mil vagas entre 2022 e 2025, mas capacitará somente 46 mil profissionais por ano, um déficit de quase 80%.
O novo perfil de trabalho também exige, cada vez mais, competências como pensamento analítico e crítico, negociação, iniciativa, adaptabilidade e criatividade, além de propensão para adotar o aprendizado contínuo. Essas são sem dúvidas as habilidades mais importantes que compõem esse novo perfil, mais apaixonado pelo que faz e mais protagonista também, que realmente “coloca a mão na massa e faz as coisas acontecerem”.
Aqui faço uma provocação também para cada pessoa em sua profissão: quanto cada um tem buscado se reinventar e reaprender novas formas de trabalhar e então evoluir individualmente e profissionalmente? Ainda é muito comum profissionais atribuírem às empresas toda a responsabilidade referente à sua evolução e aprendizado. Precisamos nos atualizar constantemente, ter um estilo de vida “lifelong learning” e atualmente há muitos caminhos para isso, pela facilidade de acesso à informação.
Também é fundamental o ganho de experiência, pois precisamos cada vez mais de profissionais com mais bagagem e aprofundamento. Ainda temos um volume alto de pessoas capacitadas apenas teoricamente, mas ainda sem base para exercer essas novas profissões. Hoje em dia é muito comum, na área de tecnologia, a alta rotatividade de times e com isso, perde-se a oportunidade do ganho real de experiência, do aprofundamento das atividades e principalmente da realização delas. Muitos colaboradores trazem em seu currículo muitas empresas, mas ainda com conhecimentos escassos.
Essa capacidade de se adaptar a um mundo em mutação é altamente valorizada, e aqui entra a necessidade de o profissional estar sempre atualizado e interessado em buscar o aprendizado contínuo, para identificar novas tendências, processos e metodologias, com o objetivo de desenhar tecnologias e soluções para seus clientes em uma velocidade compatível com a que o mercado exige.
Outra questão que surge é se as empresas estão preparadas para esse desafio. Será que a forma como as companhias cuidam de suas pessoas é a mais adequada para este novo momento? Será que o modelo atual de gestão de times está adequado a essa atualização, e que os gestores estão revendo suas formas de liderar, avaliar e provocar seus colaboradores? A liderança de hoje precisa ser inspiradora, provocativa e adaptativa.
A humanização do negócio será crucial na área de tecnologia, pois gestores, principalmente, precisam enxergar o profissional em sua total dimensão humana, e não apenas em sua capacidade funcional. As empresas mais competitivas serão aquelas que investirem na requalificação e aprimoramento de colaboradores.
A cultura organizacional também mudou, e parte da responsabilidade de um gestor é desenvolver talentos e ter flexibilidade para adotar as novas tecnologias que surgem diariamente. Por isso precisamos de uma liderança que não só reage às mudanças e inovações, mas também se antecipa, cria novos caminhos e constrói um futuro melhor.
É preciso formar um novo perfil de líder, estratégico, empático, ágil e inovador. Como disse Lisa Kay, da Singularity University “essas são as habilidades críticas que os líderes precisam aprender para atravessar com sucesso um mundo em rápida transformação – não apenas para criar vantagens estratégicas para suas organizações, mas também para ajudar a construir o tipo de futuro inclusivo, equitativo, positivo e abundante no qual todos queremos viver”.
Não poderia deixar de finalizar esse texto reforçando a autorresponsabilidade de cada profissional de não terceirizarem suas evoluções e seus aprendizados contínuos. Precisamos de mais profissionais com coragem e paixão pelo que fazem, que se aprofundam em suas capacidades técnicas, que sejam referências de temas de negócios ou técnicos e que queiram transformar e evoluir suas carreiras juntamente com as empresas em que trabalham, afinal, o conhecimento é uma das poucas coisas que se multiplica por onde quer que você passe.
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