O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,62% em novembro e ficou 0,08 ponto percentual (p.p.) acima do resultado de outubro (0,54%).
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‘Com o pacote, o risco é ter a despesa garantida, mas não a receita’
O economista José Roberto Mendonça de Barros considerou fracas as medidas de corte de gastos do governo e disse que, de tudo o que foi colocado à mesa, apenas o aumento da faixa de isenção do IR, que na prática pressiona o orçamento, tem garantia de sair, pois será feito por via administrativa
O pacote de corte de gastos, anunciado na última quinta-feira (28) pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, prevê economia de até R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030 com medidas como um pente-fino em programas sociais, revisão de benefícios a militares e tributação de, no mínimo, 10% sobre a renda de quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. As iniciativas do governo, que em sua maioria dependem do Congresso para sair do papel, não empolgaram empresários nem economistas.
Um dos pontos mais criticados foi o anúncio, junto com o pacotes de cortes, de uma desoneração, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, medida que deve valer a partir de 2026 e que, na prática, acaba pressionando em vez de aliviar o orçamento.
"O governo perdeu a chance de promover um ajuste fiscal positivo e estratégico por um tático de curto prazo, misturando isenção do Imposto de Renda só para dar uma notícia boa. Mas é uma manchete que se esvai no mesmo dia", afirmou o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, que esteve na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na quinta-feira, dia do anúncio do governo.
Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, Barros disse que o pacote não é bom porque, enquanto o aumento na isenção do IR é feito por via administrativa, a criação de um imposto efetivo para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês depende de lei. "Com o pacote corremos o risco de ter a despesa garantida, mas não ter a receita", alertou.
Em conversa com o Diário do Comércio, o economista analisou os impactos do aumento da faixa de isenção do IR nos negócios de um Microempreendedor Individual (MEI) e se essa medida poderia diminuir a desigualdade tributária mencionada pelo governo. Em sua avaliação, em alguma medida, sim, já que muitos MEIs têm receitas que não superam os R$ 5 mil mensais, ou R$ 60 mil por ano. Vale lembrar que o teto de faturamento anual para atuar como microempreendedor individual é de R$ 81 mil.
"Porém, o efeito dessa isenção sobre a desigualdade é relativamente pequeno, tem que ter mais do que isso: o crescimento da oferta de trabalho, de educação, esse tipo de coisa. O IR sozinho não é nada extraordinário. É claro que quem terá menos imposto a pagar ficará aliviado no dia a dia dos negócios e vai gostar. Mas não é uma questão-chave para reduzir a desigualdade", reforçou Barros.
Se os efeitos do pacote não serão sentidos no curto prazo, a compensação entre quem vai pagar menos (isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil) e quem vai pagar mais (aumento do IR para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais) mostra sua inconsistência: de um lado, reduz imposto, que é um tipo de gasto, do outro, aumenta. "O momento atual mostra claramente a necessidade de diminuir esse gasto, porque gastou-se demais no período recente. O déficit aumentou e agora o governo não tem como financiar isso."
NÃO EMPOLGOU
Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP, também destacou que o pacote não despertou entusiasmo, pois não veio na linha do que se esperava, que era o foco maior no corte de gastos. A preocupação de Solimeo é que as medidas possam implicar em maior tributação.
"É um pacote que criou expectativa e não cumpriu, afetando a credibilidade do governo. Ele tem inconsistências claras, como aumentar o limite de isenção do Imposto de Renda no momento em que é preciso conter o consumo. Não tem como funcionar e o agravante é tentar compensar em cima da classe média empresarial", diz o economista da ACSP.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou efeitos que devem impactar o empresariado, como a inclusão de tributação de dividendos sem a respectiva redução da tributação sobre as empresas - o que configura bitributação e deve afetar drasticamente a capacidade do setor produtivo de gerar riquezas. "A atual tributação sobre a renda e o lucro no Brasil já seguem a lógica de tributar o resultado da empresa e isentar proventos e dividendos pagos aos acionistas", afirmou a entidade em nota.
A confederação também disse reconhecer a importância de revisar a dinâmica de reajuste do salário mínimo, bem como de outros benefícios sociais, como o BPC e o Abono Salarial, para "garantir o amparo aos mais necessitados." Mas enxerga com preocupação a ampliação da isenção do IR, dado o peso que essa medida terá sobre o quadro fiscal brasileiro, "tornando todo o esforço do pacote fiscal praticamente inócuo".
A CNC destacou ainda que a economia estimada pelo governo de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, ou de R$ 327 bilhões em cinco anos, é insuficiente diante do cenário de déficits primários crônicos que, segundo as projeções do mercado, podem alcançar 0,7% do PIB nos próximos três anos. "É crucial que o Brasil busque uma plena coordenação entre as políticas fiscal e monetária, garantindo um cenário de médio e longo prazo estável e previsível, o que permitirá a redução dos juros e da inflação, fatores que atualmente sufocam o setor produtivo e os consumidores", completou a confederação.
DESACELERAÇÃO NO RADAR
Para Mendonça de Barros, o que interessa nesse momento é o que vai acontecer com a economia nos próximos dois anos e, por isso, o ideal seria que o governo não fizesse um anúncio do ponto de vista político, mas pensando em como enfrentar a pressão inflacionária e a questão fiscal para a economia crescer firmemente até 2026.
"Esse deveria ser o centro da política econômica para buscar o grau de investimento de volta. Foi um anúncio atrapalhado, recebido de mau-humor pela imprensa e o mercado, e o preço pago pelo governo pelo desgaste não será pequeno."
O efeito inicial foi imediato, com a disparada do dólar, que chegou a bater R$ 6,01 na quinta-feira, encerrando o dia em R$ 5,99, patamar histórico desde o início da circulação do real, em 1994. A alta da moeda de 3,36% na semana já indicava qual era a expectativa do mercado com o pacote. Adiado em um mês, o anúncio do pacote causou instabilidade e aumentou a volatilidade do câmbio, já pressionado pelas políticas protecionistas de Donald Trump e tensões no Oriente Médio.
"Se esse pacote tivesse saído em agosto, quando o dólar estava em R$ 5,60, poderia voltar para R$ 5,40. Mas ficou nessa novela de 'hoje vai, hoje não vai', até ele chegar aos R$ 5,80, R$ 5,99. Quanto mais demora, menos credibilidade, e o efeito do pacote vai ficando cada vez menor. Ou seja, foi um tiro no pé", disse Barros.
Com isso, o desgaste para o governo não será pequeno, com um câmbio que piorou e a inflação acima de 4%. Segundo o economista, essa perspectiva pode levar o Banco Central a aumentar mais intensamente os juros, em até 0,75%.
"Nós, economistas, erramos nessas projeções de virada de ano, subestimamos o crescimento há três anos", admitiu Barros, que arrisca dizer que desta vez há certeza de forte desaceleração da economia para o próximo ano. "Hoje, a renda das famílias está boa, assim como a oferta de crédito. Mas a pressão inflacionária não vai ser razoável e a questão fiscal é uma decisão de um regime presidencialista para atender as suas bases, espalhar bondades, e não um movimento estratégico para retomar a trajetória de crescimento."
O economista também destacou que o pacote só será aprovado em 2025 se não houver nenhuma "armadilha" do Congresso para implementação a partir de 2026. "O pacote não segura a inflação e em algum momento serão tomadas medidas adicionais. Lula não chegará na próxima eleição com a inflação controlada, o que sempre foi determinante para o presidente se reeleger."
Barros também comentou sobre a possível queda no poder de compra em 2025. Segundo ele, o corte de gastos no curto prazo deve reduzir a renda de algumas das pessoas, diminuindo a atividade. "Se o orçamento for mais equilibrado, os juros podem ser muito mais baixos. É através dos juros, que afetam todas as empresas, que se consegue a sustentabilidade no crescimento da economia."
Para o economista, a queda no desemprego deve desacelerar no próximo ano, com os juros subindo muito, afetando o crédito para as empresas, e com a inflação reduzindo o poder de compra da população. Ele reforça que o foco do pacote deveria ser a redução do déficit público. "Mas a mensagem do governo é contraditória: não se pode falar em corte, nem gastos, só em readequação. Mas a população não é boba, vai entender que o efeito vai ser ruim", disse.
Notícias Técnicas
Na análise dos principais agregados da receita, a arrecadação de impostos cresceu 4,1% e as contribuições sociais 7,5% em 2023.
O presidente do Senado disse que o Congresso deve apoiar as medidas de controle de gastos anunciadas pelo governo, mas que a reforma tributária da renda pode ficar para depois
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Novas contribuições podem ser enviadas até 20 de dezembro de 2024.
Notícias Empresariais
Segundo a 7ª Turma, houve transferência formal do contrato de trabalho do empregado para a empresa
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas
Para Fábio Pina, economista da FecomercioSP, emprego, renda e crédito devem impulsionar as vendas neste final de ano. Inflação e juros mais altos podem mudar cenário no ano que vem
Resultado foi puxado por boa performance do setor de serviços, que cresceu 0,9%.
TST firmou tese de observância obrigatória em toda a Justiça do Trabalho
Notícias Estaduais
No dia 14 de outubro de 2021, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP)..
A Receita Estadual do Paraná comunica que o Supremo Tribunal Federal declarou que é constitucional a imposição tributária aos contribuintes optantes pelo Simples Nacional da diferença de alíquotas do ICMS pelo Estado de destino por ocasião da entrada de mercadoria em seu território.
Será possível parcelar em até 60 meses débitos de ICMS, com desconto de até 40% em juros e multas
Acesso ao microcrédito, orientação para microempresa e Micro Empreendedor Individual (MEI), cursos, orientação para o protocolo digital de processos de registro de empresas, e manutenção preventiva de equipamentos, fiscalização e legislação. Esses são alguns serviços que constam no convênio firmado entre o Governo do Estado e o Sebrae, nesta sexta-feira (28).
A Receita Federal notificará 1.070 contribuintes no Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Pará para explicar declarações de despesas de alto valor no Imposto de Renda. No Amazonas são 281 contribuintes. A Receita não informou os valores.
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